Carlos (nome fictício) é um tipo normal.
Gosta de vaguear pela cidade e de comer Bolos-de-Arroz. À noite, fica em casa a ver o Um-Contra-Todos e imagine-se, até joga a pergunta de casa. "Não porque precise de um telemóvel novo, mas porque gosto de desafios", diz ele enchendo os pulmões de ar, inhchado também de orgulho.
Um dia destes, a caminho do autocarro, enquanto bebericava um Caprisone, apertando com uma delicadeza cirúrgica o pacote, de forma a não entornar nada, cruzou-se com Carina (nome fictício) e trocaram olhares.
Carina é uma tipa normal.
Gosta de vaguear pela cidade e de comer bolas-de-berlim. Nunca se senta numa casa-de-banho pública. "Não porque me dá jeito fazer de pé, mas porque normalmente não há papel-higiénico, e os lenços de papel (que religiosamente transporta consigo, sempre em números ímpares) não chegam para forrar a sanita." , diz ela com uma voz triste e lânguida, para o seu gato Tomáz.
Daquela troca de olhares, resultou um sorriso rasgado em cada um deles. O Sol, forte lá do alto, reflectiu um brilho intenso. Não, não era o brilho dos seus olhos, nem tão pouco o brilho do amor à primeira vista... Era o brilho do aparelho que cada um ostentava.
A partir daqui, tudo o resto é Fado e o seguimento da história é previsível:
Carlos e Carina casaram. Agora Carlos já não vê o Um-Contra-Todos. Carlos a essa hora, está na casa de banho a esfregar a sanita com CIF, enquanto Carina vem cá abaixo, ao restaurante, encomendar a comida para o jantar. Ao restaurante chinês, "A Tasquinha do Simões".
Quanto a Tomáz, o gato, bom, não há muito a acrescentar. Agora sem a atenção da dona só encontrou um refúgio possível: Viciou-se em Caprisone.
J.
quinta-feira, março 17, 2005
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